quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Pst... inquieto que pouco é

Vivo de coração nas mãos. Sempre o fiz, obedecendo ao que ele vai ditando, sossegando-o quando posso e escutando-o religiosamente nos seus bateres e ditados.
Habituei-me a ouvi-lo, tinha de ser, tinha de silenciar as vozes inquietas que a pouca razão lança. E são tamanhas, avassaladoras, uma dor contínua e uma torrente de dúvidas, questões e hipóteses. Sempre foi assim, num desassego analítico impiedoso, de porquês, comos e quandos. De cenários, histórias e muitas memórias.
Sou inimigo inconsciente da rotina e do hábito. Vivo bem na confusão, encontro no reboliço um estilo de vida de quem grita calado. De quem vê cego, ouve surdo e fala mudo. Inconsciente e inconsequente, habituei-me que nada é como é por ser assim. Não queria... mas correm impiedosas as instruções da razão pouco dada à segurança. Quero o impossível e o pouco provável.
Num cenário por vezes bem desequilibrado, valha o suave bater do coração para ganhar coragem de sossegar o isossegável.

Pst... do tirar a barriga de misérias

Ontem quis, ontem não quis saber. Fui o eu de sempre preso no eu de agora. Fui o que sempre quis ser enjaulado em quem sou agora. Fui alma e copos na noite das promessas. Ontem venci o sono e o vamos-mas-não-vai-dar e joguei-me nos braços, apoiados, de quem quero ser.
Afastei a saudade que não sentia, risquei o desejo de partilha e abandonei as regras do bom senso. Ontem tive duas faces no sonho que sinto e fui feliz.
No palco de todas as tropelias, fui patife de mim mesmo e vivi para sentir e senti a vida em mim, na certeza de uma alma e corpo que está onde quer estar. Fim de ato.


domingo, 26 de outubro de 2014

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Pst... da vantagem da geração de 1979

O mundo ficou fácil. Enorme, cresceu e expandiu-se.
Só não nos levou atrás, de tão básicos que nos mantemos ser.
Sou de uma geração que acompanhou nos lugares da frente o mundo a mudar. Sobretudo no campo que sempre fez o mundo pular sobre si mesmo com mais frequência. A eterna história homem e mulher.

Um exemplo? Pois bem... as regras para falar com a rapariga que te enchia o olho juvenil. Eram simples, como se pode constatar! Fosse da tua escola, ou duma qualquer atividade do qual participavas, só havia uma forma de lhe falar fora desse ambiente. Ei-la...


Alguém se lembra o que era, quando se queria conhecer melhor alguém, ter como única alternativa usar o telefone fixo? Que era regra estar no meio da sala, o que para efeitos de privacidade era um pequeno mimo? Antes dos prefixos 21 e muito antes dos 96, 93, 91, 92...
Ou então a razão pelo qual não se ligava à hora de jantar, para não interromper o convívio familiar, para não sermos logo rotulados como mal-educados? Ou aquele estranho acaso do destino que nunca, mas nunca, atendia a pessoa esperada, antes algum irmão ou irmã que berrava, jocosamente, que estava um rapaz ao telefone para falar com a X? Ou pior, o pai ou mãe da rapariga, que causavam sempre um estranho e prolongado silêncio até que a distância de segurança estivesse percorrida, desde o momento que haviam entregue o telefone?
Ou porque não podia a chamada estender-se, pois havia numa ou noutra casa mais gente a querer usar o telefone? Sim, só havia uma linha em casa, logo eram muitos cães a um osso. Ou não ter maneira de voltar a contactar a não ser no dia seguinte, na escola, na atividade ou arriscavas todo o ritual pelo telefone?

Estou a ficar velho... bem vivido, até com algum charme e bem conservado, modéstia à parte! Mas velho para as coisas fáceis deste mundo! Ainda me apetece discar o número e cumprir todo o processo para ouvir a voz de quem quero do outro lado do telefone...

Pst... do diário agora que há divorciado na praia

Há coisas que não mudam. O recém-entrado divorciado tem cumprido todos os passos de quem se vê novamente lançado ao mundo. Tanto exibe um sorriso monstruoso, e sorri a qualquer sugestão, como esconde o ar triste quando julga não estar a ser visto.
Mas há certos momentos que devem constar de um qualquer manual do divórcio (do qual espero não o ler jamais) que, para qualquer pessoa atenta, não passam despercebidas. Pudera...
Exercício físico ("ginásio e sequências dignas de Rambo logo pela manhã"), noitadas e copos (duas, já, e de caixão à cova, já com fotografias ao lado de "beldades" da noite), roteiros dos melhores spots da noite lisboeta ("hoje há festa enorme aqui e ali") e gajas ("fiquei com o número desta e daquela", "os olhares daquela ali" e todo um ror de momentos e desejos mais descritivos que aqui não cabem...) entraram de rompante no dia a dia, que procura estender a todos que o rodeiam.
Há coisas que realmente não mudam, principalmente as que envolvem momentos do coração. Que seja livre e me guarde...

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Pst... muito fácil

Reverência ao destino

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem para fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é segui-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefónica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Pst... do shiu XVII

But things never go away

Pst... do cá se fazem cá se pagam

Há dias a conversa era esta.
Mal dos meus pecados, que pouco avisado ando quanto aos castigos do destino. Começou a "era dos divorciados", sedentos e repletos de feromonas, com desejos profundos de compensar o tempo que agora lhes pareceu perdido. Hoje, segunda-feira de um veranil dia 20, começa uma fase que mais cedo ou mais tarde estava agendada, destes ciclos de vida que poucas surpresas já encerram.

domingo, 19 de outubro de 2014

Pst... de um conto de reis

A esplanada era convidativa, agora que o verão havia chegado. Estarmos em outubro é relativo, perante o calor e bom tempo com que somos brindados.
Colocar o corpo ao sol, tirar-lhe o mofo húmido e desfrutar destes pequenos grandes prazeres do dia a dia.
Na cadeira em efeito baloiço, para que o rosto pudesse ser banhado de calor, estava em sossego. Mil promessas se levantavam no momento, potenciadas pelo bom humor do sol. Festas, muitas, passeios tantos e diversão em barda assaltavam o pensamento. Havia tudo nas mãos, restava arranjar coragem para privar a alma de sono. Pois que os sinais há muito que estavam presentes. Precisava de promessas pois os dias mais não eram do que doses regadas de realidade. Precisava de tirar o sono que se instalara na alma, afogar as dúvidas crescentes, olhar mais longe do que o horizonte lhe permitia e construir os castelos no ar que sempre o fizera. Pois se o verão comete a ousadia de surgir no outono, também ele podia virar do avesso os seus dias. E foi de sorriso no rosto, assaltado de ânimo, que colocou a cadeira direita e saiu da esplanada rumo à vida que reclamava.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Pst... dos textos que soam pior escritos que imaginados

Sou bicho de mil vozes
Todas duras em uníssono
A tirar o sossego e as dores
Deste que vive para isso.

Sou bicho de mil rostos
Em permanente desarmonia
Que desalinham estes esforços
De contínua e profunda alegria.

Sou um enigma com solução
Deste dia a dia criado
Um paradoxo desta invenção
De quem pouco anda avisado.

Sou um nó bem apertado
Com pinceladas de bem e mal
Um conflito já experimentado
De tudo que possa ser real.

Sei quem e quem não sou
E desejo ter uma bússola minha
Guiando nesta bruma onde estou
Salvando-me da minha companhia.

Um puzzle vagabundo
De peças sem regras
Uma criação deste mundo
Onde faltam palavras e letras.

Pst... quando a ausência diz presente

A ausência é uma das palavras mais feias do dicionário da língua portuguesa. A sua capacidade de surgir em tantos momentos que te tocam de bem próximo faz também desta uma das palavras mais desprezíveis da nossa língua.

Mas degradante é mesmo quando ela te acena de forma voluntária. Ou seja, quando se vai aproximando, enquanto goza contigo, de forma pensada, de uma inteligência emocional que pouco mais é do que duas palavras. Quando a própria ausência o é... porque mais não tem por onde ser.


domingo, 12 de outubro de 2014

Pst... singelo e bem sentido

...
mais um prego no caixão, de olhos bem fechados.

See you in the morning

Pst.... dos cheiros do outono

Dizem sempre que a partilha de interesses em comum diz muito sobre duas pessoas. 
Mas é neste momento que aviso: fica aqui estabelecida a minha Linha Maginot


sábado, 11 de outubro de 2014

Pst... das fraquezas que o espelho procura

Fraquezas, medos e receios. Fantasmas, traumas e impressões. Dúvidas, hesitações e mau humor.

O espelho, sempre acusador, não perdoa. É implacável e sem perdão, na forma como aponta os elementos com o qual convivemos diariamente, sem porto de abrigo ou conforto. O sobressalto constante, cuja raiz é visível até com os olhos fechados, feito num mundo de sonhos que invadem a pouca paz que a noite apresenta.

Procuro fugir do espelho, ele não me merece crédito. Mas a qualquer momento lá entra ele na liça, lá traz novo traço até então desconhecido e desmancha a fuga desenfreada que lhe fazemos.

É uma luta intensa mas do qual sabes que sais sempre a perder. E não é no abraço que te chega o conforto, não é no sorriso que te chega o descanso. Chega quando chegar, se algum dia chegar...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Pst... das memórias que ganham vida com o passar dos Dias

Procuro nas memórias do tempo
Aquele momento que nos juntou
Num passado já lá dentro
Dum amigo em comum.

Rebobino a página das emoções
À procura daquele instante
Dois olhares, dois corações
Cruzados num abraço envolvente.

Uma noite como qualquer outra
Que saltou o pequeno-almoço
A promessa de todo surpresa
Dum futuro ali disposto.

Era um bar da nome estrangeiro
Talvez de tons de capital
Pedia-se celebração por inteiro
Duma festa até ali normal.

Uma afamada rua lisboeta
Que a noite de rosa coloriu
Repleta de bares e uma praceta
Que um destino ali uniu.

Pois foi então que te vi
Rodeada e sob proteção
Que de tímida pouco percebi
Que ali eras senhora da razão.

No olhar um brilho a disfarçar
Um ligeiro corar destemido
Nos lábios um sorriso a rasgar
Um tremor de paixão sentido.

Procurei da tua mão os dedos
Numa ousadia bem puxada
Senti-a livre de sentimentos
Expectante dos que eu carregava.

Percebi a minha confusão
Dum instante que te surpreendeu
Aquela mão sobre a mão
Duas almas que a noite envolveu.

Um aniversário que perdurou
Na memória cúmplice conjunta
Pelo instante que nos marcou
Numa madrugada profunda.

Quis o destino baralhar
Toda uma porcaria sem sentido
Que veio talvez para dar
A sensação, o certo profundo
O desejo e a vontade
A certeza e a ambição
De toda uma história por viver
De uma vida como temos.

Pst... do verve bilingue embrulhado

Verve:

Excesso de criatividade e entusiasmo que incitam o processo de criação do artista, do poeta.
Expressividade, boa vontade ou gentileza que definem uma personalidade, assim como aquilo que pode ser produzido por ela.
Figurado. Sensação de vivacidade; sentimento de energia ou vigor: tem estado cansado, sem verve.
(Etm. do francês: verve)

Em francês ou em português, procurava esta palavra há tempos. Toma, ofereço-a...Usa-a com parcimónia, quando achares necessário.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Pst... das tribos que se querem reinventadas

Ainda está para ser inventada uma coisa mais deliciosa do que as relações humanas. Homem-mulher, homem-homem ou mulher-mulher, para lá de outros apêndices que podemos acrescentar, a riqueza das pessoas no contacto com as demais é fantástica. Verdadeiramente sublime, caso haja paciência e atenção.

Pois há uns tempos que tenho observado e participado, conforme posso, num ramo de cultura urbana - ou moda, tanto faz a expressão - de certas tribos existentes na muy nobre capital do reino de Portugal e dos Algarves, que faz crer a quem os estuda e observa de perto que a interação entre ambos, num contexto social, tem de ser reduzida ao mínimo. A palavra chave aqui é mesmo à-vontade. Ou a ausência dele. Para evitar julgar e ser julgado, ver ou ser visto, comentar ou deixar de ser comentado. Uma dependência externa tremenda, tanto à semelhança do nosso país com a troika.

Fazem crer, nas ditas tribos, que um casal, seja qual for a substância que lhes dá corpo, tem de interagir como os demais em qualquer contexto, fora aquando da sua intimidade. Ou seja, o que os define como casal - o amor, o desejo, a paixão, a comunhão de gostos, a empatia, a esperança, entre outros - pouco pode transparecer aos olhares terceiros.
Sentar lado a lado numa mesa? Um incómodo.
Uma gentileza ou uma atenção? Que maçada.
Um gesto de carinho, ainda que discreto? Que drama a caminhar para o horror.
Um beijo ou um olhar atento e apaixonado? "Acho que temos de falar..."

(mas, atenção, não é difícil encontrar exemplos de casais que atuam no dia a dia como se estivessem permanentemente deitados lado a lado, com as mãos, lábios e olhares em intensa atividade... mas isso são outros quinhentos)

Pois esta tribo, certamente alvo de alguns ramos da psicologia, como todos devíamos ser aliás, tem particulares que estão sujeitas ao sabor do tempo, do crescimento, do amadurecimento e das vontades. A tempo de reinventar, ou reintroduzir as noções de romantismo e paixão, que definem a condição humana, sobretudo para aqueles tolos de coração aberto? Ora cá estaremos para ver...

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Pst... das três pancadas

Descobres-te ainda, com as dúvidas e medos de uma mente pouco experimentada. Excaixaram ou deixaste encaixar o teu mundo em paredes forradas a pensamentos, opiniões, julgamentos e condições. Julgas que todas as causas têm os mesmos efeitos, quando na realidade o que dá piada são sempre novas consequências. Novos desafios...
Quero sentir-te incómodo, que estiques os braços e vejas que eles chegam mais e mais longe. Isso, prometo, chama-se crescer e evoluir, desenvolver com saúde todos os sonhos que carregas. Pois eles estão lá mas precisam daquela luz de palco, do momento como não há outro que nos atesta de memórias e nos distingue.
Até, no fundo, nada mais carregamos em nós do que essas marcas que nos afastam de ser mais um rosto na multidão. E é em cada momento que ousas regras, quebras barreiras e lanças-te de olhos fechados que soam as três pancadas de Moliére: a peça vai começar.

sábado, 4 de outubro de 2014

Pst... do que lemos numa televisão, à falta de melhor

"Todos temos as nossas máquinas do tempo.
As que nos levam para trás são as memórias. As que nos levam para a frente são os sonhos.
A minha está emperrada."

Falácias de um filme domingueiro engraçadote

Pst... dos canecos que não se beberam

Caiu, saiu e partiu-se
 Para perto ou longe, não sei
 Simplesmente procurei-o
 E em mim já não encontrei.

 Estava, esteve, digo-o
 Senti-o bem dentro
 Aqui, num brilho
 Inesgotável de um coração aberto.

 Julgava-o preso
 Sentia-o palpitar
 Hoje que dele fui precisar
 Não havia nada para dar.

 Olho em volta, perdido
 Esperançado em o encontrar
 Algures, a pedir para ser achado
 Mas sem entusiasmo para dar.

Pst... da vida de solteiro tresmalhado

A vida de solteiro na capital do reino, quando já se sopraram há algum tempo as trinta e cinco velas, não é feita sem as mais anormais dificuldades.
Numa geração já estabelecida, feita amíude de cerimónias de casamento e nascimentos, a vida social resume-me a um xadrez de compromissos e cada vez menos possibilidades, riscando logo à partida a espontaneidade e o "siga" para a diversão.
São muitas as amarras alheias que te amarram também. São tantos os condicionalismos que olhando à volta, entre quem partiu para longe profissionalmente ou os que restam atados em compromissos familiares de todas as idades, sobra pouca, para não dizer quase nenhuma, margem para uma noite que não tinha sido alvo de intensa planificação.
Bons tempos que já lá vão, que não se dizia nada e bastava aparecer no sítio do costume que a diversão era garantida. Se calhar a razão é que lhes assiste na vida regrada, se calhar é o mal do tresmalhado que tenta integrar-se.
Vai difícil a vida de solteiro nesta cidade capital.

Pst... do shiu XIV

For those rainy days


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Pst... do preso n.° 7

Sei que não lês. Tenho a certeza que não entraste num mundo que te convidou e fez sentir que era importante a tua presença. Sei que não é o teu estilo, seja ele qual for. Se é que tens estilo, sequer.

Conheço-te o que posso, conforme dás. Não é muito, é conforme. Manténs barreiras de uma iniciada quando jogas pelos grandes. Portas-te como uma juvenil quando te toca à porta a responsabilidade. Julgas-te livre quando és a maior prisioneira de ti mesmo.

Sei que não lês. Sei que não me importa.